quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Lá e Lá: Bom Futebol e Banalização do Micro-Detalhe

Theibaud, 2011


ontem foi o dia em que a reeleição de Obama competiu com o Insano, como manchete do Daily Mail. Sinal de que a globalização é coisa do passado. E hoje vivemos a total universalização da banalidade. Tempo em que os noticiários locais são propagados pelo mundo, em retalhos. Picotes tomados quase ao léu, aqui e muito lá. Para ver se vendem melhor que o universal corriqueiro. 
e é isso mesmo: o Insano, um escorregador de 44 metros, num parque aquático de Fortaleza, inaugurado no já longínquo ano de 1989, disputando a atenção dos leitores de Londres e do mundo com o resultado do pleito norte-americano, que decide sobre vidas e acessos dos centros aos cafundós do planeta.¹ E cujo resultado saiu ontem e não 23 anos atrás. 
ainda nessa mesma linha de banalidade, do micro-detalhe mundializados: a libertação da irmã do atacante Hulk após sequestro relâmpago. E com direito à foto panorâmica de Campina Grande: alguma dúvida de onde a aldeia chegou? 
estima-se que o Mail seja hoje o jornal mais lido do planeta. E depois de deixar para trás o New York Times. E ampliando ao limite seu estilo popularesco, abrindo enormes fotos secundada por textos curtos, pouco densos, redigidos às pressas, mas profusamente comentados. Propondo uma perspectiva paparazzi. Com pequenos flagras da intimidade e do corpo das celebridades: a companheira de François Hollande, Valerie Trierweiler, de biquíni  na Riviera Francesa; Lady Gaga protegendo os seios com um coco numa sacada de hotel, no Rio. E. Além de uma carga de matérias que tende ao infinito. T. Mas um infinito trocado com pressa e uma aleatoriedade de labirinto. C. Um infinito descartável de um para outro dia.
um infinito que se tange. Como a um jumento, etc.
*
e o belo futebol do Shakhtar-Donetsk conquistou mais corações ontem à tarde. E com Fernandinho e Willian jogando o fino e comandando a festa. Nenhum dos brasileiros do Shakhtar é top de linha. Mas, juntos já há algum tempo, eles formam algo raro hoje: um time. Quer dizer, um time de verdade: futebol fluido, ao ataque, sem medo de ser feliz. Bonito de assistir, e de se assistir. Movido à base de posse de bola e envolventes triangulações. Arriscado e, por isso mesmo, palpitante. Ontem, por azar, foram derrotados em Londres (3x2) pelo mesmo Chelsea que haviam batido em Donetsk (2x1). Mas o Shakhtar jogou melhor. E vendeu caro a derrota. E numa partida para lembrar. E o segundo gol do Chelsea foi mais um puro surto de intuição para a antologia de obras-primas de Oscar. 




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¹E não esqueça que, muitas vezes, os centros são os piores cafundós e versa-vice.

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