De "Doutores" e Números
O que causa alergia nos cursos de pós-graduação não é algo que resguarda um valor em si em relação a esses cursos. Pós-graduar-se, quer dizer, ter a a aspiração, o desejo de aprofundar conhecimentos que sigam mais além do que foi ofertado nas ralas graduações dos diascorrentes, é algo legítimo.
O que não é legítimo é outra coisa, que independe disto. É uma questão de número: a megametria por detrás da coisa toda.
Quer dizer, de uns tempos para cá, obter um diploma de doutor, por exemplo, converteu-se tão-só num "degrau de carreira". Mecanicamente. Algo que, na maior parte dos casos, nada tem a ver com legítimas aspirações, inclinações ou interesses pessoais dos doutorandos em elastecer o conhecimento individual ou aprofundar e dimensionar melhor algo que pode ser coletivizado, para um público mais amplo. Divisar melhor certos temas até então obscuros ou pouco tocados. Do contrário, o que há, mais e mais, tem a ver com a necessidade dos cursos de pós-graduação de se referendarem junto aos organismos que os monitoram. O que equivale a dizer: desovar semestralmente certo número de teses.
Aqui, o que menos importa é a relevância, a originalidade, a boa escritura, a qualidade, enfim, dessas teses. Afinal, elas constituem, no frigir da omelete, independente do mérito individual de cada uma, apenas unidades em si. Converteram-se em mera estatística para que o curso, por meio de mais esse critério numérico, seja bem avaliado pelos burocratas do CNPq e da Capes.
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