Raymond Pettibon, To take a great writer at his word..., s/d
Três coisas que leio
1. Estranho caso do homem da Governador Sampaio
2. Devo morrer nas próximas três horas. Talvez quatro.
As postagens do blogue Dessincronizado. Nelas um estudante de letras em Fortaleza – depois em Belo Horizonte – professa o mundo ao sabor de uma extravagante, bela e arriscada condição: a de ser jovem. Entre outras, ele decreta que a poesia brasileira há de ser salva por Adriano Espínola e pelo poeta carioca – cujo livro de estréia ainda não se havia lançado, quando dessa assertiva – Cláudio Neves. E, no entanto, do alto de sua fleuma, certo ar blasé, dose de alheamento, velha e boa arrogância juvenil, há idéias próprias, noções muito vívidas e um humor, por vezes, corrosivo. Inclusive quando, de sua condição de anglófono – na tradição de Machado e Sterne –, faz pouco de certa pulsão dos franceses para complicar ainda mais um mundo que já anda um bocado encrencado.
3. Que diabos há entre a literatura e galões de gasolina?
Outro blogue, ainda incipiente mas que promete, é o Sursum Corda. Ao menos tão bem escrito quanto o anterior, dotado da mesma gana juvenil, e com coisas do tipo:
-- Ei, sabe aquele autor?
-- Quem?
-- O Sartre! Aquele do livro da capa azul.
-- Hum, sei não. Conheço não.
Vejam como Sartre é reduzido a uma capa azul. Reparem como os nãos estão todos ao final. Não é assim que falamos em Fortaleza?
Os 25 micro-contos de Aldir Brasil Jr. desvelam, de passagem, uma Fortaleza saindo da província e caindo n'outra maior. Ou no mar da memória. Típico caso de “o buraco é mais embaixo”. Envergonhadamente afetivos. A ocasião faz o ladrão. Por algumas frações de segundo, abrasivos. Experiência de vida individual inscrita no coletivo. E vice-versa, como deve ser. Micro-história refratando sociologias. Sabor de bairros. Concreção de nomes, tempos, espaços. Ruas e becos da reminiscência cruzando-se em meandros compressos. E indo dar em pátios de colégios -- ou do culégio, com dizia um velho diretor. Gestos próprios. Por vezes, espúrios. Portrait geracional. A irrecuperável, mitológica década de 70. Por enquanto, só em manuscritos. A circular entre amigos.
2. Devo morrer nas próximas três horas. Talvez quatro.
As postagens do blogue Dessincronizado. Nelas um estudante de letras em Fortaleza – depois em Belo Horizonte – professa o mundo ao sabor de uma extravagante, bela e arriscada condição: a de ser jovem. Entre outras, ele decreta que a poesia brasileira há de ser salva por Adriano Espínola e pelo poeta carioca – cujo livro de estréia ainda não se havia lançado, quando dessa assertiva – Cláudio Neves. E, no entanto, do alto de sua fleuma, certo ar blasé, dose de alheamento, velha e boa arrogância juvenil, há idéias próprias, noções muito vívidas e um humor, por vezes, corrosivo. Inclusive quando, de sua condição de anglófono – na tradição de Machado e Sterne –, faz pouco de certa pulsão dos franceses para complicar ainda mais um mundo que já anda um bocado encrencado.
3. Que diabos há entre a literatura e galões de gasolina?
Outro blogue, ainda incipiente mas que promete, é o Sursum Corda. Ao menos tão bem escrito quanto o anterior, dotado da mesma gana juvenil, e com coisas do tipo:
-- Ei, sabe aquele autor?
-- Quem?
-- O Sartre! Aquele do livro da capa azul.
-- Hum, sei não. Conheço não.
Vejam como Sartre é reduzido a uma capa azul. Reparem como os nãos estão todos ao final. Não é assim que falamos em Fortaleza?
p.s. -- depois falo do livro de Cláudio Neves (De Sombras e Vilas), que merece resenha a parte.
Ruy,
ResponderExcluirPerdi contato com o Aldir, com quem trocava mensagens via Orkut, e eventualmente através de email. Não o conheço pessoalmente, embora seja ele seu amigo e possua um colega de departamento que é meu vizinho no prédio onde moro.
Quanto à referência, muito obrigado. Grande parte do que escrevo é decorrência ao menos oblíqua de discussões que tivemos em aulas, mas também em outras oportunidades, como você sabe.
Grande abraço,
Daniel.
mantenha o ritmo, sir!
ResponderExcluirabs.