segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

De um surrealismo mais denso que o europeu: Stevens


Francis Alÿs, 2008



The Emperor of Ice-Cream

Call the roller of big cigars,
The muscular one, and bid him whip
In kitchen cups concupiscent curds.
Let the wenches dawdle in such dress
As they are used to wear, and let the boys
Bring flowers in last month's newspapers.
Let be be finale of seem.
The only emperor is the emperor of ice-cream.

Take from the dresser of deal,
Lacking the three glass knobs, that sheet
On which she embroidered fantails once
And spread it so as to cover her face.
If her horny feet protrude, they come
To show how cold she is, and dumb.
Let the lamp affix its beam.
The only emperor is the emperor of ice-cream.

Wallace Stevens


O Imperador do Sorvete

Chame o enrolador de charutos,
O musculoso, e requeira que ele bata
Nos copos da copa coágulos concupiscentes.
Que as donzelas afrouxem-se nesses vestidos
Como de uso delas, e os rapazes
Tragam flores em jornais do mês passado.
Que ser e parecer formem o mesmo tapete.
O único imperador é o imperador do sorvete.

Tome do criado-mudo de pinho,
Faltando as três alças de vidro, aquele pano
No qual certa vez ela bordou cacatuas
E desdobre-o de modo a cobrir-lhe o rosto.
Se os calosos pés distenderem-se, são
A mostra de quão fria ela está, e estulta.
Que a lâmpada destile o filete.
O único imperador é o imperador do sorvete.

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