sábado, 15 de agosto de 2009

Circular entre mesas, dizer poemas


[s/i/c]



Seu Jairo


Esta semana morreu Seu Jairo. Não me perguntem o nome completo. Ninguém sabe. E é coisa de cartório. Mas era o proprietário do Jairo's, Bar e Lanches, ali na esquina de João Cordeiro com Santos Dumont. O Jairo's está nesse endereço há 35 anos. É um dos botecos mais antigos da Aldeota Velha. Seu Jairo, já com mais de oitenta anos, costumava circular entre as mesas e, se havia conhecidos, nelas parar um pouco para pequenos bate-papos que, não raro, terminavam num longo poema sobre as virtudes da mulher. Havia variantes. Poemas que, também não raro, incluíam uns poucos trechos picantes. Picantes na década de 50 ou talvez ou nem isso. Era famosa sua ojeriza pela classe médica e, em especial, por uma de suas especialidades: a psiquiatria. Os frequentadores mais antigos e assíduos do Jairo's foram premiados com a suprema honra de terem dependuradas à prateleira, com seus nomes afixados no rótulo, a garrafa de pinga de que bebiam, na marca exata em que deixaram de beber, quando desta para a melhor embarcaram. Uma tradição de velhos botecos que quase não se vê mais.

Esta semana foi a vez do guardador das marcas.



* * *

2 comentários:

  1. notícia triste, ruy.

    manoel

    ResponderExcluir
  2. Seu Jairo se vai e fica uma saudade do início dos anos 80, eu estudando ali de lado no colégio São Jõao e fim de aula íamos, juntando moedas, comer sua deliciosa pizza... Saudade de quando, década e meia depois fui morar pertinho de lá e toda tarde ia aproveitar as primeiras cervejas da noite a aquele ventinho encanado da Jõao Cordeiro vindo da praia, saudade de umas certas cervejinhas com o Ruy, Aldir e mãe numa noitinha que já parece fazer um século de tão próxima...
    Que pena, Ruy!
    Pedro Sal.

    ResponderExcluir