sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Homem que é homem não fala em suavidades e agostos


Velhas casas geminadas à rua Pero Coelho, Fortaleza, [s/i/c]


Diálogo urbano entre fortalezenses

para Aldir Brasil Jr.

Oprimido pelo calor da tarde de outubro, o professor deixou o centro cultural. Cumprimentou o taxista e entrou no carro. Percebeu que havia uma pequena prancheta no assento do banco e repassou-a ao motorista que guardou-a numa aba à lateral da porta. Indicou o destino. O táxi rodava suavemente pelos meridianos da tarde. Seguiu afastando-se do Seminário da Prainha com o ar condicionado em nível máximo:
--Que calor tem feito esta semana.
--É. Mas se o senhor reparar ainda sopra uma brisa à noitinha. É o que escapa.
--Verdade. A brisa vem de agosto, que é o mês mais agradável em Fortaleza.
--Pode ser. E é esse ventinho que ainda ajunta as chuvas do caju. Hoje se mede até a velocidade do vento. Como é que pode, rapaz? É muito estudo. O sujeito medir a velocidade do vento.
--Venta muito em agosto. Tudo fica mais ameno. Tem gente que diz que até o luar é mais bonito. Isso rende mais beleza, derrama um clima gentil sobre a cidade.
O taxista pigarreia:
--Rapaz, num é que já pegaram o Ronaldinho dando o cu outra vez. Dessa vez diz que foi com o cunhado dele. Como é que pode, rapaz? Um cara que já teve até a Cicarelli ali, lambendo os pés dele...


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