Gerhard Richter, Sea Landscape, 1971
MAZATLÁN: MAR
[...]
Bem aqui-
começa
BOBBIE
Louca carinha
de lontra na água---
quadris largos. A alva,
alva pele---uma mulher
de orelhas grandes,
dentes quase brutais---
linda em todos os particulares.
*
De outro modo---os olhos
escuros, no rosto o
ardor de alguma outra
experiência, adensando
no ar.
*
Ah---homem
pensa.
..................................
*
De como o fato de
entrever alguém que você ama longe
de você no tempo
desaparecerá também no tempo.
..................................
*
Todos eles andavam
pela praia
robustos, ou miúdos,
mutilados, na face
da terra.
*
O vento segura
minha perna como
uma mão morna.
*
...........................
*
Ninguém vive na
vida do outro---
ninguém sabe.
No singular
o muito adere,
mas não para sabê-lo.
Aqui, aqui, o corpo
berrando suas ordens
aprende de si.
*
..................................
*
O que você tem
da princesa---
orelhas grandes, pra ouvir
mãos com suaves dedos
Você cavalgará
para a floresta, e lá
a encontrará
E vai reconhecê-la.
Por que não uma outra
não esperada, alguma
linda presença súbito
declarada
Tudo na tua mente
o corpo é, e do
corpo como assim
você a faz.
*
..................................
*
Você vê o sola-
vanco, na rija
compleição, o
garoto---o animal tenso
golpeado, e atrás,
o mar move e
acalma. A ilha assenta
em seu imóvel conforto.
O que, na cabeça, dá errado---
o circuito de repente
carregado de contrários
e só o tempo resta.
*
O sol desce. Os banhistas
assomam negro no vislumbre
prata. A água marulha
e reflui. O ar é suave.
[Fragmento do poema longo "Mazatlán: Sea", de Robert Creeley]
* * *
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