sábado, 17 de março de 2007

Perfuro a noite ferroviária: Esquivias




Viaje a Oporto

Despierto con la cabeza sobre el cristal
y siento de repente el frío
como un lametón
del animal que me cuida.
Perforo con los ojos la noche
buscando algo que se mueve,
formas humanas entre el frío y la humedad.
Los trenes se acoplan con ruido de bestias
en una estación portuguesa.
Un haz de raíles en la explanada.
Un silbato largo, un farolillo que oscila.
Los edificios chorrean agua.
Me despido de las pocas luces,
de las voces portuguesas,
de la suciedad,
de esta estación fronteriza,
agitando la mano ante la noche
como un príncipe se despediría
de la multitud que le aclama.

Óscar Esquivias


Viagem ao Porto

Desperto com a cabeça sobre a vidraça
e sinto de repente o frio
como uma lambida
do animal que me cuida.
Perfuro com os olhos a noite
buscando algo que se move,
formas humanas entre o frio e a umidade.
Os trens engatam-se com ruído de bestas
numa estação portuguesa.
Um feixe de trilhos na esplanada.
Um apito longo, um farolzinho que oscila.
Os edifícios jorram água.
Me despeço das poucas luzes,
das vozes portuguesas
da sujidade,
desta estação fronteiriça,
agitando a mão ante a noite
como um príncipe se despediria
da multidão que o aclama.

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