terça-feira, 9 de março de 2010

Amanheceu, é dia claro: uma alba desde a Provença


Giovanni Anselmo, 2000




Alba

Quan lo rosinhols escria
ab sa part la nueg e.l dia,
yeu suy ab ma bell'amia
jos la flor,
tro la gaita de la tor
escria: "Drutz, al levar!
Qu'ieu vey l'alba e.l jorn clar".

Anônimo



Alba

Quando o rouxinol assovia
escavando da noite o dia,
sobre a bela guria
minha mão ainda escorre,
até troar na torre
o apito: “Amantes, vos declaro,
amanheceu, é dia claro!”




Nota – este poema, de um trovador anônimo, é um das mais conhecidas albas da poesia provençal. Esta tradução, nada literal, é bastante “solta”, em vários aspectos. Um trovador, por exemplo jamais chamaria sua amante de “guria”, mas de “senhora”, “dama”, ou no mínimo “amiga” [(“amia”, v.3) que significava  “namorada”, como no galego-português-arcaico – de onde, aliás, adveio esse gênero poético que se aclimatou, posteriormente, na Provença].


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