Sempre-chegada a Ceuta
O linho do vestido conformando
densos, cada movimento traços
de um croqui quando chegaste ali
quase à sombra do Monte Hacho
O panamá sobre o chanel a guardar
algo de leve androginia que era
rematado blefe no pôquer da tarde e luzia
em teu rosto uma liquidez de termas
como se por trás de tanta elegância
pulsasse um gavião, satisfeito de chegar
ao termo da volataria; e o lábio em transe
entreabrindo-se em fase, reinaugurasse
a quase invisível rasura que te risca
a face esquerda; e os olhos a guardar
algo da chispa dos olhos do miúra.
[poema de Mediterrâneo]
Lançamentos de poesia, por Annita Costa Malufe, Revista Cult, número 144, março 2010:
“Ruy Vasconcelos optou por não reunir seus poemas em um livro. Mesmo assim, seus textos espalham-se por aí, em diversas revistas literárias e antologias - para não citar suas inúmeras traduções. Nesta plaquete artesanal, [Mediterrâneo], temos, assim, uma rara oportunidade de mergulhar por um pouco mais de tempo numa poética exigente, rigorosa. E trata-se mesmo de um mergulho por cenários e atmosferas pouco familiares para nós, em poemas nascidos de uma viagem à cidade de Ceuta, norte da África. A rememoração de um amor fugaz, perdido no tempo e no espaço, é o material que dá “certo tom elegíaco” a esta poesia, como define o autor, para quem a poesia medieval é uma das referências”.
Mediterrâneo, Ruy Vasconcelos, Arqueria Editorial, São Paulo, SP, 2010, pode ser encomendado à: arqueriaeditorial@yahoo.com.br ao preço de R$ 15,00.
Nota - Segue minha gratidão à Virna Teixeira, minha editora. Assim como aos amigos Diego Vinhas e Eduardo Jorge que leram a plaquete ainda em seus originais. Gostaria também de agradecer, por tabela, a Francisco dos Santos, que, desde Bauru, interior de São Paulo, tem feito, através de sua Lumme Editorial, um belo e bem recortado trabalho de edição de poesia e me despertado para possibilidade de lançar-me a alguns projetos comuns na área de tradução -- que tanto me é cara.
* * *
Oi Ruy, meu nome é Biagio D'Angelo; sou um amigo de seu irmão Ney. Como sabe que gosto de literatura (sou professor de literatura comparada aqui em São Paulo) e sobretudo de poesia, ele me falou do seu blog. Estou adorando! Parabéns. A escolha de poesia de língua inglesa (traduzida) é excelente. Não sei se conhece um grande poeta australiano contemporâneo, Les Murray. Acho que vai gostar. Me escreva, se quiser, e nos teremos informados: biagiodangelo@gmail.com
ResponderExcluirUm abraço, Biagio