quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Aparências, nada mais?


 Gillian Wearing, 1994


Avatares
- ou A Arte Zen do Kabuki


Hipóteses?

Digamos que eu esteja numa rede social. Num Facebook desses da vida. E, ainda digamos que, porque morro de tédio ou não ligo para a minha aparência¹, troque quase todo dia meu avatar.

Digamos que eu desconheça que avatar quer dizer “mudança, metamorfose”. E então, quando se pensa em Zenão e nos paradoxos, é fácil perceber o quanto, digamos, estou atolado num imobilismo; pois, se mudo todo dia a minha mudança, nada mudo.


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¹Não ligar para a própria aparência soa tão bonito quanto perfeitamente utópico ou efêmero. Ao que parece ainda não se criou um ser-humano à prova de aparências. Ou ainda melhor: à prova de sua própria aparência. Ou tri-ainda, recordando Stevens: “É possível que parecer - seja ser. / Como o sol é algo que parece e é./ O sol é um exemplo. O que parece é / e nessa aparência todas as coisas são”. Ou tetra ainda, como dizia Greyk: “Aparências, nada mais,/ sustentaram nossas vidas,/ que, apesar de mal vividas,/ têm ainda esperanças de sobreviver”.


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