terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A todos os que lançam a lenda: Crane


Robert Rauschenberg, Bed, 1955




Legend


As silent as a mirror is believed

Realities plunge in silence by . . .


I am not ready for repentance;

Nor to match regrets. For the moth

Bends no more than the still

Imploring flame. And tremorous

In the white falling flakes

Kisses are,—

The only worth all granting.


It is to be learned—

This cleaving and this burning,

But only by the one who

Spends out himself again.


Twice and twice

(Again the smoking souvenir,

Bleeding eidolon!) and yet again.

Until the bright logic is won

Unwhispering as a mirror

Is believed.


Then, drop by caustic drop, a perfect cry

Shall string some constant harmony,--

Relentless caper for all those who step

The legend of their youth into the noon.


Hart Crane



Lenda


Tão silencioso quanto num espelho se crê

Realidades mergulham no silêncio...


Não estou pronto para o pesar;

Nem para lidar com mágoas. Pois a vespa

Inclina-se não mais que quieta

A implorar a chama. E trêmulos

Em alvos flocos cadentes

Estão os beijos,—

O único vale toda recompensa.


É para ser aprendido—

Essa clivagem e queimadura,

Mas unicamente por aquele que

Esgota-se novamente.


O dobro e o dobro

(Novamente o fumegante suvenir,

ídolo em sangria!) e então novamente.  

Até que a brilhante lógica se ganhe

Insussurrável como num espelho

Se crê.


Daí, gotejando por cáustica gota, um pranto perfeito

Deve distender uma constante harmonia,—

Acrobacia inflexível a todos os que lançam

A lenda de sua juventude dentro da lua.





Nota – agradeço a Anna Cavalcanti a sugestão de traduzir este poema. Para um outro poema de Crane em Afetivagem, aqui. A ilustração escolhida para este não é uma "instalação", como pode parecer à primeira vista, mas um óleo sobre tela de Rauschenberg.


*   *   * 


3 comentários:

  1. anna, prezada, eu q lhe agradeço a sugestão deste belo poema...

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  2. Estima Ruy, parabéns pelas traduções! Você é bem vindo no Poesia Diversa: www.poesiadiversidade.blogspot.com Você já chegou a traduzir algo de Paul Claudel? Um abraço.

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