[s/i/c]
Enquetes Gêmeas
Fortaleza já consegue oferecer um bom carnaval? [Diário do Nordeste]
Você acredita que a Capital está mais movimentada neste Carnaval? [O Povo]
Você acredita que a Capital está mais movimentada neste Carnaval? [O Povo]
Em geral, enquetes são para se ignorar. Mas pode-se sentir em ambas o desejo de vestir o fortalezense de uma fantasia que nunca foi sua: a de folião. A indagação do Diário reveste-se de um tom de incontornável dever. Mas, por que Fortaleza teria a obrigação de oferecer o que nunca ofereceu: um bom Carnaval? Já a proposição de O Povo é particularmente ambígua: “mais movimentada”? Em relação a quê? Se for aos outros dias do ano, sem chance. Se for ao Carnaval que passou, quem vai lembrar? Quem gosta de Carnaval jamais o passa em Fortaleza.
Certo mesmo é que o “não” ganhou por margem larga em ambas. E por mais um ano quem se predispôs a fazer alguma coisa de diferente no Carnaval, saiu de Fortaleza. Mais de cem mil veículos deixaram a capital. Por que os poderes públicos têm de dar dinheiro para uma festa que beneficia apenas um punhado de gente que pinta a cara de preto e desfila na Domingos Olímpio, quase sempre debaixo de chuva? O mais tacanho foi, certa feita, comentar o desinteresse histórico do fortalezense pelo Carnaval com um especialista em políticas públicas e dele ouvir: “tradições se criam”.
É triste ouvir algo assim. Passa o recibo de prepotência, da má consciência histórica de nossos gestores culturais. Aliás, a palavra "gestor" já dá náusea. Enquanto isso, os que gostam de carnaval, de fato, chispam para Olinda, Aracati, Beberibe ou Camocim. Os que não gostam, mas estão desejosos de seguir para outros ares, têm a opção de ouvir boa música em Guaramiranga, no Festival de Jazz. E os que ficam em Fortaleza ao menos saboreiam a chance de colher um pouco menos de desassossego que nos outros dias do ano. A campanha da prefeitura, em consórcio com o governo do Estado, deveria ser: “paz, sossego e Jazz, sem Carnaval? venha para Fortaleza”. E tratar de policiar melhor ruas e avenidas nos quatro dias em que cidade fica deliciosamente mais tranquila e aberta á convivialidade.
E, melhor, quase sempre, como neste ano, debaixo de chuva. Com madrugadas raras, abaixo dos 23 graus de mínima.
* * *
Certo mesmo é que o “não” ganhou por margem larga em ambas. E por mais um ano quem se predispôs a fazer alguma coisa de diferente no Carnaval, saiu de Fortaleza. Mais de cem mil veículos deixaram a capital. Por que os poderes públicos têm de dar dinheiro para uma festa que beneficia apenas um punhado de gente que pinta a cara de preto e desfila na Domingos Olímpio, quase sempre debaixo de chuva? O mais tacanho foi, certa feita, comentar o desinteresse histórico do fortalezense pelo Carnaval com um especialista em políticas públicas e dele ouvir: “tradições se criam”.
É triste ouvir algo assim. Passa o recibo de prepotência, da má consciência histórica de nossos gestores culturais. Aliás, a palavra "gestor" já dá náusea. Enquanto isso, os que gostam de carnaval, de fato, chispam para Olinda, Aracati, Beberibe ou Camocim. Os que não gostam, mas estão desejosos de seguir para outros ares, têm a opção de ouvir boa música em Guaramiranga, no Festival de Jazz. E os que ficam em Fortaleza ao menos saboreiam a chance de colher um pouco menos de desassossego que nos outros dias do ano. A campanha da prefeitura, em consórcio com o governo do Estado, deveria ser: “paz, sossego e Jazz, sem Carnaval? venha para Fortaleza”. E tratar de policiar melhor ruas e avenidas nos quatro dias em que cidade fica deliciosamente mais tranquila e aberta á convivialidade.
E, melhor, quase sempre, como neste ano, debaixo de chuva. Com madrugadas raras, abaixo dos 23 graus de mínima.
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Olá, Ruy.
ResponderExcluirEm nome da contradição, eu respondi “sim” na pesquisa do Diário. Pois temo que os tais gestores culturais pretendam fomentar o carnaval em Fortaleza. Infelizmente, tenho a impressão de que a cidade ficou mais habitada durante este feriado. Mas espero que não seja por influência dos políticos, sem os quais a tradição do zé-ninguém afirma não haver salvação, não haver carnaval.
Abs,
Daniel.